terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


"… Viver cada dia como se fosse o último – esse era o conselho convencional, mas na verdade quem tinha energia para isso? E se talvez chovesse ou você estivesse de mau humor? Simplesmente não era prático. Era bem melhor tentar ser boa, corajosa, audaciosa e se esforçar para fazer a diferença. Não exatamente mudar o mundo, mas um pouquinho ao redor. Seguir em frente, com paixão e uma máquina de escrever elétrica e trabalhar duro em… Alguma coisa. Mudar a vida das pessoas através da arte, talvez. Alegrar os amigos, permanecer fiel aos próprios princípios, viver com paixão, bem e plenamente. Experimentar coisas novas. Amar e ser amada, se houver oportunidade…"

(Um dia - David Nicholls)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

 
"As pessoas destroem sua confiança e depois partem. Você nunca consegue conhecer alguém completamente, não importa o quanto você ache que conheça. As pessoas sempre omitirão partes de suas vidas. Sempre haverá alguma verdade sobre elas que você nunca saberá. Ou talvez, algum dia, você conheça a verdade que elas escondem e vai concluir que era melhor nunca ter descoberto."

(Bem mais perto) 



sábado, 16 de fevereiro de 2013

Eu já sabia...




"O de sempre, basicamente: ainda que com a porta fechada, pela janela eles pousam no meu quarto com alguma das asas machucadas, sofridos, desmoronando, com uma carinha irresistível de choro. Eu dou meu carinho de mãe, meu amor de mulher, meu papo de irmã mais nova, meus conselhos de melhor amiga e quando eles ficam mais corados e sorridentes, lá se vão, batendo as asas, para alguém mais ensolarado que eu. A mesma coisa, toda vez. Eles vêm, eu os conserto, eles vão. Eles vêm, eu os conserto, eles vão. Eles vêm, eu os conserto, eles vão.

Talvez eu seja algum tipo de oficina de homens que sofreram maus tratos de algum momento do relacionamento anterior. Quem sabe eu compre um espaço no jornal e coloque um anúncio com a descrição dos serviços oferecidos, pois claramente meu negócio está indo bem. Deveria existir uma parte no meu cérebro, um órgão qualquer, que regule as propagandas enganosas que chegam à tela do meu córtex, que selecione melhor o que vai me tirar o ar, já que que auto-censura nunca foi meu forte.

Acho que é por esta razão que as pessoas tanto associam o amor à mágica. Às vezes alguém me mostra um pouco dele, e depois o faz desaparecer numa cartola. E eu me pergunto: ei, como você consegue fazer isso?

 

Aí, eu encontrei você, nós nos conhecemos, eu te consertei, te fiz perfeito pra mim, nos amamos, moramos juntos e agora você está voltando pra casa.

 

Naquele cenário infeliz de sobras de chá de cidreira, lenços de papel amassados pelo chão, cobertor no sofá, cadeiras fora do lugar, mala aberta por sobre a cama, livros e CDs embrulhados, dentes e sorrisos guardados, eu não disse nada, quase nada, até porque seria uma deformidade. Mas estou dizendo agora. Desculpa por nunca considerar você uma aposta segura e razoável, por ficar noites de guarda te esperando cometer um erro dantesco e irreparável e definitivo todas as sessenta semanas que passamos juntos, e que devem ter sido incríveis – um dia, quando tudo isso passar, e eu me esquecer do seu rosto me dizendo "eu quero que você se dane", você me conta. Desculpa por nunca, em nenhum momento, deixar de acreditar que lá fora existia um cara imperfeito pra mim, ou pelo menos melhor do que você, em todos os aspectos. Desculpa por agir feito uma diabinha sempre espetando com um tridente nossos ocasionais dias de sossego.

 

É que na minha cabeça já estava tudo preparado pra dar errado. Eu não mudei toda minha estrutura de vida, eu não conheci seus amigos de infância, eu não planejei uma viagem de férias, eu não parei com a pílula, eu não... nada. Eu sempre vivi uma vida de propagandas e na primeira oferta concreta e interessante que recebi, era tarde, eu já tinha vendido minha alma.

 

Quando eu te chamava de "amor", não sei, era só um modo de falar. Talvez minha liberdade seja um poste sem iluminação onde ficarei acorrentada pelos tornozelos para sempre. Porque, eu sei. Tudo pode mudar o tempo todo e, tola, sofro desse medo; quando o real perigo à espreita é nada acontecer.

E nada aconteceu. Eu meio que sabia onde as coisas iam dar – foi quase, mas não deram. Não deu. Não dei. Valeu a tentativa, o empenho, o interesse. Eu não estava prestando muita atenção, mas posso sentir em algum lugar aqui dentro de mim que foi bonito. A gente ainda vai se falar por aí, essa não é a conversa final, eu sei como você é."


- Gabito nunes

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"E para falar a verdade, se fôssemos analisar as pessoas em todos os seus aspectos, não creio que sobraria depois muita gente boa."

(Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013



Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe... mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Gostava mais dele do que das reticências que tinha estipulado pra sua vida. Fugia porque gostava dele e de todas as coisas que havia sobre ele. E em cada lugar que ia, guardava um pouco do que ela tinha sido pra não se esquecer de quem ele era. E conseguiu esquecer-se dele. Quando se deu conta disso, entendeu o porquê de fugir tanto assim.

Ele a amava.

E ela, depois de conhecer o mundo e ver de tudo e de todos, sabia que faltava algo nela.

Era ele.

Decidiu deixar pra lá. Como fazia em todos os fins de tarde. Mesmo que isso arrancasse dela um pedaço seu todos os dias."

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013



" Está sentada no meu forte, onde tive meus grandes pensamentos. Foi aqui que fiquei pensando em você, logo que nos conhecemos. No início, você não parecia real. Eu nunca tinha visto tantas cores numa garota. Mas você combinava com aquele lugar. Você e todas as suas cores. Lembra-se da primeira coisa que você me disse? (Estou perdida.). Ah você não parecia perdida. A mim não parecia. A história de não conversar não durou muito. Em pouco tempo, não conseguia fazer você parar de falar. Mas você era uma graça tentando me impressionar com William Blake e seus grandes planos. Eu não fazia idéia do que você estava falando... mas estava adorando seu jeito de falar. Na verdade não entendia nada. Eu me apaixonei por você naquele instante. A vida havia mudado. E agora mudou de novo amor. Não é de mim que eu me preocupo que você não se lembre. Mas não se esqueça da garota espontânea que você era. "Meu negócio é criar. O que a gente faz não importa". Você me disse isso, lembra-se? P.S.: Bem, vá para casa. Descubra. Descubra aquela coisa que torna você uma pessoa única. Eu vou ajudar. Procure um sinal. Se precisar arrumar um emprego para viver, seja realista, amor. Não pode ser agente secreta, e não existem caça-vampiros."

Quero coisas mais reais....